PERSONAGENS DE QUINCAS BORBA

Sofia Palha - Casada com Palha, usa do seu poder de sedução, apaixona-se por Carlos Maria e para não cometer o pecado da traição, casa-o com sua prima. É dissimulada e gosta de ser admirada. Adora ostentar o luxo. Uma mulher bela "de busto bem talhado, estreito embaixo e largo em cima emergindo das cadeiras amplas, como uma grande braçada de flores que sai de dentro de um vaso" como diria Rubião que deixou-se amar por Rubião pelo seu oportunismo e o do marido. Sua beleza física esplendida de mulher bondosa e caridosa se contrabalanceia pelo seu caráter frio e calculista.
Capítulo XXXV – “As senhoras casadas eram bonitas; a mesma solteira não devia ter sido feia, aos vinte e cinco anos; mas Sofia primava entre todas elas.
Não seria tudo o que o nosso amigo sentia, mas era muito. Era daquela casta de mulheres que o tempo, como um escultor vagaroso, não acaba logo, e vai polindo ao passar dos longos dias. Essas esculturas lentas são miraculosas; Sofia rastejava os vinte e oito anos; estava mais bela que aos vinte e sete; era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques, se não quisesse prolongar ainda o trabalho, por dois ou três anos.
Os olhos, por exemplo, não são os mesmos da estrada de ferro, quando o nosso Rubião falava com o Palha, e eles iam sublinhando a conversação... Agora, parecem mais negros, e já não sublinham nada; compõem logo as coisas, por si mesmos, em letra vistosa e gorda, e não é uma linha nem duas, são capítulos inteiros. A boca parece mais fresca. Ombros, mãos, braços, são melhores, e ela ainda os faz ótimos por meio de atitudes e gestos escolhidos. Uma feição que a dona nunca pôde suportar, — coisa que o próprio Rubião achou a princípio que destoava do resto da cara, — o excesso de sobrancelhas, — isso mesmo, sem ter diminuído, como que lhe dá ao todo um aspecto muito particular.
Traja bem; comprime a cintura e o tronco no corpinho de lã fina cor de castanha, obra simples, e traz nas orelhas duas pérolas verdadeiras, — mimo que o nosso Rubião lhe deu pela Páscoa.”

Carlos Maria - amigo do casal Sofia e Palha, torna-se também amigo de Rubião. É um rapaz jovem que respira prepotência e desperta o interesse em Sofia. Além de franco, expansivo e possuir bons modos.
Capítulo XXXI – “Queres o avesso disso, leitor curioso? Vê este outro convidado para o almoço, Carlos Maria. Se aquele tem os modos "expansivos e francos”, — no bom sentido laudatório, — claro é que ele os tem contrários. Assim, não te custará nada vê-lo entrar na sala, lento, frio e superior, ser apresentado ao Freitas, olhando para outra parte. Freitas que já o mandou cordialmente ao diabo por causa da demora (é perto do meio-dia), corteja-o agora rasgadamente, com grandes aleluias íntimas.
Também podes ver por ti mesmo que o nosso Rubião, se gosta mais do Freitas, tem o outro em maior consideração; esperou-o até agora, e esperá-lo-ia até amanhã. Carlos Maria é que não tem consideração a nenhum deles. Examinai-o bem; é um galhardo rapaz de olhos grandes e plácidos, muito senhor de si, ainda mais senhor dos outros. Olha de cima; não tem o riso jovial, mas escarninho. Agora, ao sentar-se à mesa, ao pegar no talher, ao abrir o guardanapo, em tudo se vê que ele está fazendo um insigne favor ao dono da casa, — talvez dois, — o de lhe comer o almoço, e o de lhe não chamar pascácio.”

Rubião- Ex-professor que ensinava no primário em Barbacena, interior de Minas Gerais. De origem humilde, muda de vida radicalmente quando conhece Quincas Borba, tornando-se seu herdeiro. Mostra descontrole sobre a fortuna, além de se mostrar ingênuo. Apaixona-se pela mulher de seu mais novo amigo, Cristiano Palha.
Apesar da ingenuidade que define a sua alma, Rubião é capaz de passar por cima de certas objeções éticas, mostrando que o seu móvel também é o interesse. Associa-se, por exemplo, a Palha, apenas para ficar mais próximo de Sofia e poder amá-la sem que a opinião pública levantasse suspeitas.
CAPÍTULO III
"Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala, um Mefistófeles e um Fausto."
Nessa passagem percebemos o quão influenciável e de certa forma ingênuo, pelo enredo completo do livro, Rubião é.

D. Fernanda- Pouco mais de trinta anos, era jovial, expansiva, corada e robusta; nascera em Porto Alegre.
CAPÍTULO CXVIII
"Sofia organizou a comissão, que trouxe novas relações à família Palha. Incluída entre as senhoras que formavam uma das subcomissões, Maria Benedita trabalhou com todas, mas granjeou em especial a estima de uma delas, D. Fernanda, esposa de um deputado. D. Fernanda tinha pouco mais de trinta anos, era jovial, expansiva, corada e robusta; nascera em Porto Alegre, casara com um bacharel das Alagoas, deputado agora por outra província, e, segundo corria, prestes a ser ministro de Estado.

Cristiano Palha tornou-se amigo íntimo de Rubião numa viagem e o apresentou a várias pessoas da sociedade do Rio de Janeiro. Esse personagem se caracteriza pela sua esperteza e desonestidade. Durante o livro, pode-se ver que Cristiano Palha explora a ingenuidade de Rubião. Em uma passagem do texto, vê-se as fortes características de Cristiano Palha, pois ele se torna gestor da herança de seu "amigo" ingênuo. Mais tarde, quando Rubião precisa de sua ajuda, ele nega e continua roubando a herança, numa espécie de conta gotas. Além disso, Cristiano releva os galanteios de rapazes à Sofia, sua esposa, esperando que eles tenham algo a lhe oferecer.
Passagens do livro:
1- "Chegados à estação da corte, despediram-se quase familiarmente".
2- "No dia seguinte, estava Rubião ansioso por ter ao pé de si o recente amigo da estrada de ferro, e determinou ir a Santa Teresa, à tarde; mas foi o próprio Palha que o procurou logo de manhã".

Quincas Borba (o cão) teve esse nome dado pelo seu dono, também chamado Quincas Borba e, mais tarde, vem a ter outro dono: Rubião. Este cão, ao longo do livro, mostra-se amável e fiel com os seus dois donos. As atitudes do cão faziam com que Rubião achasse que ele recebeu a alma do filósofo morto (Quincas Borba). O cão, provavelmente, tem a função de mostrar "um conjunto de atributos que caracterizam os animais irracionais e a parte instintiva do homem; bestialidade e brutalidade".
Passagens do livro: 1- "Rubião fê-lo almoçar, e acompanhou-o ao escritório do advogado, apesar dos protestos do cão, que queria ir também".
2- "Quincas Borba sentiu-lhe os passos, e começou a latir. Rubião deu-se pressa em soltá-lo ; era soltar-se a si mesmo por alguns instantes daquela perseguição".
3- "Olhou para o cão, enquanto esperava que lhe abrissem a porta. O cão olhava pra ele, de tal jeito que parecia estar ali dentro o próprio e defunto Quincas Borba, era o mesmo olhar meditativo do filósofo, quando examinava negócios humanos..."

Maria Benedita é uma personagem secundária desta obra. No livro, há o relato de que o nome "Maria Benedita" a vexava, por ser um nome de velha. É uma mulher prendada, que aprende bons costumes com sua prima. A prima de Maria Benedita é Sofia - personagem casada com Cristiano Palha. Maria Benedita casou-se com um rapaz franco, expansivo, educado e galanteador: Carlos Maria.
Passagem do livro: "Maria Benedita, - nome que a fechava, por ser de velha, dizia ela; mas a mãe retorquia-lhe que as velhas foram algum dia moça as meninas, e que os nomes adequados às pessoas eram imaginações de poetas e contadores de histórias"

Dona Tônica é uma personagem secundária. Esta personagem é filha do Major Siqueira. Ela é caracterizada por ser uma "solteirona" desesperada para se casar. Maria vê no professor mineiro, Rubião, a chance de, finalmente, arrumar um marido e não "ficar para a titia". Porém, ela falha nas tentativas de obter Rubião, pois ele não perde o ânimo em seu amor por Sofia.
Passagem do livro: "Entende-se bem que Dona Tonica observasse a contemplação dos dois. Desde que Rubião ali chegou, não cuidou ela mais que de atraí-lo. Os seus pobres olhos de trinta e nove anos, olhos sem parceiros na terra, indo já a resvalar do cansaço na desesperança, acharam em si algumas fagulhas".

Quincas Borba - Filósofo tido como louco. Ele era adepto ao humanitismo.
“O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas Borba, comovido, olhou para o Quincas Borba:”

CAMACHO - É um político, e deseja eleger Rubião deputado.
“Ao mesmo tempo entrou no gabinete, onde os dez homens tratavam de política, porque este baile, -ia-me esquecendo dizê-lo, -era dado em casa de Camacho, a propósito dos anos da mulher.”